Momento de planejar!
Quando o empreendedor pensa e testa sua ideia de negócio com potenciais clientes e parceiros e tenta desenvolver uma primeira visão da solução.
Esta é uma versão animada e digital do estudo que acompanha, desde 2016, o pipeline brasileiro de negócios que estão resolvendo desafios alinhados aos 17 Objetivos do Desenvolvimento da ONU, Agenda 2030.
A diversidade é um tema chave na análise sociodemográfica dos empreendedores. Apesar de haver maior equidade de gênero (as mulheres estão presentes em 67% dos negócios mapeados), elas são menos aceleradas, menos investidas e menos presentes nos negócios após o vale da morte (fase de tração em diante).
O estado de São Paulo concentra o ecossistema empreendedor brasileiro – e não só o de impacto – seguido pelas regiões Nordeste e Sul. A descentralização regional tem sido pauta no setor e se faz importante também na relação capital X interior, já que os negócios no interior parecem ter mais dificuldade de caminhar pela jornada, acessar investimentos e programas de aceleração.
Os empreendedores tendem a escolher duas ou até mais verticais de impacto para suas soluções. A agenda cívica tende a ser uma resposta transversal a muitos negócios. Já as tecnologias verdes continuam sendo um universo muito frutífero para o Brasil, país com um enorme potencial ambiental.
O empreendedor se mostra mais maduro e consciente da importância de se posicionar como um promotor de impacto socioambiental, colaborando assim para o fortalecimento e diferenciação do setor. Ele também demonstra precisar de mais maturidade de negócio para alcançar uma estrutura de governança e de acompanhamento do impacto de mais qualidade.
Desde 2016, o Mapa de Impacto é um estudo que monitora o pipeline de negócios de impacto socioambiental brasileiro para refletir avanços do setor e suportar as ações do ecossistema de apoio aos empreendedores.
Comparando os resultados destes últimos 6 anos, conseguimos identificar importantes passos dados – e desafios que ainda perduram – para garantir uma maior robustez e maturidade deste cenário.
Em 6 anos, é possível notar o fortalecimento de outras regiões do país nesta agenda (buscando a descentralização do Sudeste), assim como uma maior equidade de gênero entre os empreendedores à frente dos negócios. Esses saem de uma fase de ideação para buscar e provar um modelo sustentável, se comprometendo melhor com a promoção e acompanhamento do impacto que geram.
Os desafios do universo empreendedor brasileiro continuam se refletindo em um número considerável de negócios sem formalização e sem receita para conseguir parar de pé. Soluções que poderiam, além de sair do papel, alavancar a inovação na esfera pública, têm dificuldade de viabilizar um modelo de negócio sustentável para atender o setor. E o acesso a recursos financeiros no início da jornada se mantém um desafio.
A Global Impact Investing Network (GIIN), em sua publicação anual de 2020, calcula que o tamanho do mercado atual de investimentos de impacto no mundo é de US$715 bilhões. Uma visão que pode, potencialmente, ser conservadora, se observarmos três fatores que vêm movimentando as temáticas de impacto positivo no Brasil e no mundo:
É difícil fugir da sigla ESG (Environmental, Social, and Corporate Governance, em inglês), desde que a Blackrock, maior gestora de investimento do mundo, com mais de US$ 8 trilhões em ativos, anunciou, em 2020, seu novo posicionamento de buscar apenas empresas com melhores práticas ambientais, sociais e de governança. O termo vem ganhando relevância no mercado brasileiro, com grandes bancos, por exemplo, anunciando continuamente seus braços institucionais para cuidar do tema. E, para os analistas, devemos chegar a 85% dos conselhos das empresas tendo como foco o ESG.
“Se levarmos em consideração que a atuação socioambiental de um conselho afeta as partes envolvidas, e os conselheiros estão naturalmente mais preocupados em garantir boas ações de governança para stakeholders, o ESG passa a ser elementar para a continuidade de uma operação”, argumenta Pedro Melo, diretor-geral do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) para a revista Exame em fevereiro de 2021.
Uma tendência visível no mundo corporativo nos últimos anos, que aumentou durante a pandemia, foi o ativismo empresarial. Ou seja, empresas se mobilizando e se engajando para ajudar a resolver problemas relevantes da sociedade de forma ativa e efetiva, de forma imediata e/ou a longo prazo. Propósito e impacto positivo passam a fazer parte do escopo de trabalho e reuniões de gigantes nacionais e internacionais. O tema está extrapolando as paredes de setores específicos de responsabilidade social e institutos e fundações, chegando mais próximo aos gestores e a áreas mais ligadas ao core business das marcas.
Se de um lado vemos a onda ESG ganhar força, do outro, há uma participação ativa e cada vez mais intensa das fundações e institutos (empresariais, independentes e familiares), e uma diversidade relevante quanto aos mecanismos de apoio financeiro, com atores deliberadamente testando diversos formatos em busca do ideal, como dívida, participação, doação e diversas inovações em blended finance (financiamento híbrido). Essa soma de recursos financeiros começa a viabilizar no país o suporte direto dessas organizações a negócios de impacto, expandindo suas atuações de doações para além de projetos e organizações sem fins lucrativos, chegando a negócios que podem ter lucro e serem sustentáveis financeiramente por meio da venda de produtos e serviços. O Brasil, para a América Latina, parece ser a referência nos modelos de Venture Philanthropy – ou investimento por impacto – que tem potencial para destravar um mercado crescente de negócios de impacto ainda em fases iniciais de desenvolvimento e em busca de todo tipo de suporte para se desenvolverem.